data-filename="retriever" style="width: 100%;">Nos anos dourados da década de 1960, imperava a tranquilidade nas ruas e praças da cidade. Mas não a solidão. Muito menos o abandono. Ou a escuridão. Os jovens universitários e os estudantes do ensino médio - depois dos bailes, aniversários, reuniões-dançantes, encontros em bares nos fins de semana - costumavam ficar sentados ao longo da Avenida Rio Branco e praça Saldanha Marinho para conversas sobre política, namoro, literatura, fofocas em geral. E para degustar no final da madrugada os famosos cachorros-quentes de linguiça de porco com mostarda que eram vendidos por carrocinhas, pois ainda não existiam os trailers para venda de lanches.
Jamais algum vizinho precisou chamar a polícia por balbúrdia, algazarra, briga, bebedeira, consumo de droga por causa daqueles inocentes encontros de jovens estudantes que orgulhavam a cidade. E os estudantes jamais se sentiram ameaçados por estarem na rua durante a madrugada. Nunca se soube de algum assalto, roubo e muito menos um estupro ou assassinato.
Passaram-se os anos. Chegamos ao esperado terceiro milênio. Em matéria de segurança o que ocorreu no Brasil em geral? E Santa Maria, em particular? Crescemos que nem rabo de cavalo: para baixo !!! As famílias vivem gradeadas dentro de casa, com câmeras de vigilância, cães de guarda, cercas elétricas, vigilantes, portões eletrônicos, uma série de dispositivos eletroeletrônicos para defesa. Estamos no início do ano e já ocorreram vários assassinatos em nossa cidade. Quantos morrerão até 31 de dezembro?
Tira-se a vida das pessoas pelos motivos mais torpes e fúteis. Discussões banais. Bebedeiras. Tráfico de drogas. Feminicidios.
Os policiais e militares responsáveis pela segurança continuam em desvantagem diante dos bandidos e fazem o que podem, pois são mal remunerados há anos, armamentos ultrapassados, carros e combustível insuficientes, efetivo muito aquém do que aquele necessário, sem perspectivas de melhora imediata.
Morador da Galeria do Comércio, com apartamento com janelas abertas para a Rua Venâncio Aires, presencio cenas homéricas de intolerância e transgressão aos costumes. Durante o dia, são pedestres atravessando a rua fora da faixa de segurança, quase provocando acidentes e pondo em risco sua própria vida. Motoristas estacionando erroneamente seu carro no ponto de taxi e provocando discussões ácidas com taxistas, chamada de guincho, etc.
Mas durante a noite, principalmente nas madrugadas, esta quadra central da cidade é palco de cenas que dariam para escrever um livro. Ou fazer um filme pornô de sucesso. Pois ocorrem encontros amorosos homoafetivos entre os contêiners do lixo, alguns deles nada silenciosos. Ocorrem conjunções carnais entre casais de namorados menores de idade, em pé, no portão da mansão da família do falecido e saudoso Dr. Mariano da Rocha. As vitrines da Casa Eny já foram quebradas e sapatos e bolsas roubados. Um jovem foi assassinado a facadas no corredor que corta a galeria. Sem falar nos carros que passam com o som ligado em decibéis que acordam todos os moradores que pretendiam muito justamente descansar durante a noite.
Todos estes comportamentos contam com a impunidade e a tranquilidade que faz a alegria dos infratores. Pois não se vê uma viatura policial ou da guarda municipal.
Até quando ?